Páginas

08 novembro, 2013

Xô, preconceito!


Para vir aqui falar sobre o universo da maternidade, tenho que me despir de alguns preconceitos. Já estou fazendo este exercício.

Eu nem sabia que era preconceituosa. Me consolo em saber que grande parte das mães também o são. Mesmo que não saibam!

Na blogosfera materna e mesmo em rodas de amigas, percebo o quanto a maternidade pode originar diferentes tribos.

Para ser mãe não existe manual, não existe escola, não existem leis.

Cada mãe, no momento em que começa de fato a exercer essa função, passa a construir para si um modelo de maternidade que lhe convém. É de fato uma construção. Cada mãe se utiliza de diversos elementos para construir o seu próprio modelo. Com base em sua própria história, suas crenças, sua cultura, seus laços familiares, seus objetivos e ideais de vida.

E o modelo construído vai sendo reformado ao longo do tempo. O que deu errado a gente tenta mudar. O que a gente admira no modo de ser de outra mãe, a gente tenta copiar e aplicar na nossa casa. O que é importante hoje pode ser visto de outra forma amanhã. O que funciona para um filho, pode não funcionar pro outro. A maternidade, para ser real, tem que estar em constante revisão.

E aí nasce o preconceito. Porque uma mãe nunca é igual à outra. E a tendência natural de cada mãe é julgar aquela que tem um modelo diferente do seu. O julgamento e a crítica muitas vezes são velados. Mas estão ali. Dentro de cada uma.

Mães que tiveram parto normal julgam as que se submeteram à cesárea. Mães em tempo integral julgam as que trabalham fora. Mães que optaram por não ter babá julgam aquelas que contam com ajuda. As que amamentam julgam as que dão mamadeira. As que são mais liberais na educação dos filhos julgam as mais conservadoras. As que optam por não matricular na escola desde pequenos julgam as que optaram pela escolinha. As mais jovens julgam as mais velhas. As que tiveram vários filhos julgam as que optaram por ter um único filho. As que não blogam julgam as que blogam. Etcetera e tal.

E vice-versa.

Quem nunca?

Outro dia, numa roda de algumas amigas mães, a discussão era quantos banhos por dia cada uma dá em seus bebês. Claro que a resposta não foi unânime. Há as que dão banho uma vez ao dia, outras dão dois banhos, e até três banhos por dia. E uma tentando convencer a outra de sua posição. É claro que ninguém estava com a razão. Mas também ninguém estava errada. Todas são excelentes mães, dedicadas e preocupadíssimas com sua prole, querendo dar o melhor de si.

(E, é claro, naquele momento, com muita falta de assunto!!! Porque discutir o número de banhos do bebê é papo para quem já não tem mais o que falar né! Mas, vamos combinar que o gostoso de repartir essas experiências com outras mães é justamente falar sobre o que ninguém mais no mundo vai querer discutir com você. Nem o seu marido, nem o pediatra, nem sua mãe. Assunto só de amigas!)

Fecha parênteses!

Isso prova que não existem duas mães iguais no mundo. Então, se você quer ser uma boa mãe, trocar experiências, construir um modelo de maternidade que funcione para sua vida, aprender, mudar de idéia (por que não?), compartilhar, e não pretende fazer tudo isso dentro de uma bolha, eu te convido a também se despir do preconceito.

Você pode ser diferente até de você mesma.

Hoje acredito que já sou uma mãe diferente da mãe que eu era há um ano. E certamente serei diferente no futuro.

Ainda bem!

Afinal, somos mães, não robôs!


Um comentário:

  1. A gente pensa uma coisa quando não tem filhos, muda o pensamento no primeiro, faz diferente no segundo, enfim....Estamos sempre mudando e questionando o que é certo, errado, bom, ruim. Isso tb é ser mãe.

    ResponderExcluir